Lembranças da Idade da Inocência

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recado aos nerds small Muito tempo atrás, quando eu um jovem e promissor Jedi, fiel a meus ideias de honra, amizade, força, lealdade -Thundercats Ho!-, descobri os Palms. Ontem, remexendo uma caixa, achei meu velho Professional, ainda funcional. Fico triste ao pensar o quanto a Palm já foi amada de forma justificada, e hoje decaiu para uma sombra do que era.

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Ainda com a capa de couro original

No tempo do dólar a R$1, eu ainda acessava via linha discada. Na verdade eu alugava uma linha telefônica, ainda não havia a disponibilidade e fartura dos tempos de hoje. Um belo dia descobri um site novo, uma loja chamada Outpost.

Nela deparei-me com um equipamento revolucionário. Era o sonho molhado de qualquer fã de Jornada nas Estrelas. Um verdadeiro computador de mão. Não uma agendinha, não uma calculadora com esteróides, mas um computador, de verdade. Com uma tela gráfica (sim, havia essa diferenciação) cabendo na palma da mão, daí o nome Palm Pilot.

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A tela ainda está inteira, sem nenhum arranhão

A credibilidade do bicho vinha da empresa fabricante, nada menos que a 3Com. Não era uma porcaria chinesa qualquer.

Puxei o cartão, comprei na hora. US$400 mais o envio via FEDEX. Esperei ansioso até o bichinho aparecer na minha porta. Foi o início de um caso de amor que durou longos anos. Fui a muitos encontros com aquele professional, impressionei muita gente com sua versatilidade, programas baixados em tempo recorde mesmo de linha discada.

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It’s alive! it’s alive!

Anos se passaram, e com eles se foram vários Palms, várias certezas, vários nomes marcas e pessoas que jurei me acompanhariam para sempre. Hoje no Lado Negro, percebo que eu era feliz naqueles tempos mais simples. Podia não ter os recursos de hoje, mas era tudo muito mais simples, certo e direto.

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Ampliado para todos verem: 1997!

Ainda não tive disposição de desarrumar as caixas depois da minha última e inesperada mudança, então só as abro quando necessário. Hoje, uma grata surpresa: No fundo de uma delas, meu querido Palm Professional.

Isso mesmo. Funcionando, inteirinho, sem MDS, sem telas brancas, se travamentos, sem nada de desabone sua conduta.

O x30 se foi o clié se foi o palmIII se foi, tanta coisa se foi e esse bichinho continua aqui, firme e forte. Passou anos esquecido, mas não morreu, não oxidou, não se suicidou como o T3, que desenvolveu MDS na hora em que ia ser vendido para o Gollum.

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1MB, 960KB disponíveis

Assim que descobrir em que gaveta está o cabo que tenho certeza ainda existir (a base ficou, para usar uma frase repetida por mim mais do que eu gostaria) usarei o bichinho como leitor de ebooks e… agenda telefônica.

Lembrando que vivemos na era do descartável, um equipamento que está vivo pelo menos desde 4/1/1997 é um marco. São OITO anos de idade. Se fosse um Palm com bateria interna já estaria morto faz tempo, mas como usa pilhas…

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Sim, eu misturei pilhas recarregáveis
com alcalinas, mas só pra foto.

Meu bichinho ganhará lugar de honra, é um exemplo de tecnologia sólida, projeto sem falhas e visão de longo prazo. Ao contrário de PDAs com baterias lacradas que não duram mais que dois anos, a Palm dos bons tempos produzia equipamentos realmente úteis, duráveis e confiáveis.

Uma amiga disse certa vez que o segredo para não guardar rancor do passado é só lembrar dos bons momentos. Hoje, brincando com o Professional, eu a entendo.



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