Quem quer ver as fotos dos corpos do acidente da Gol?

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É um fenômeno tipicamente brasileiro. Qualquer acidente famoso sempre atrái uma tonelada de abutres atrás de fotos, quanto mais escatológicas melhor. Esse prazer mórbido faz gente insuspeita enviar na maior tranquilidade essas fotos para suas listas de contatos.

A impunidade da Internet é o que mais me impressiona. As pessoas enviam E solicitam esse tipo de material sem a menor preocupação. Se tivessem as fotos em mãos, duvido que tivessem coragem de mostrar aos colegas de trabalho. Ao vivo não existe a possibilidade de dizer “ah, não gostou, apague”, como alguns dos imbecis que enviam esse tipo de imagem respondem, quando são contestados.

A atração por acidentes é algo normal, um humano médio tem um grande sentimento de elação, quando presencia uma experiência traumática e percebe que não foi com ele. Por isso gostamos de acidentes de Fórmula 1, batidas de carros e, no geral, de videocassetadas.

Só que quando a elação não vem de um acidente onde claramente ninguém se feriu, quando não vem daquelas lindas cenas onde depois de 10 capotagens o motorista sai andando, temos problemas. Alguém que tire prazer, mesmo que na forma de curiosidade mórbida, de fotos de cadáveres esquartejados, precisa de tratamento psiquiátrico.

Não é um site sobre teratologia, não há interesse científico. Não há gente escapando miraculosamente, há apenas morte e destruição. Um acadêmico se especializando em medicina legal teria interesse nessas fotos. Uma pessoa normal, não. Gente normal foge de morte. Gente normal não tem curiosidade sobre esse tipo de coisa.

Só que gente normal é minoria na Internet. O usuário típico dificilmente chegará até este parágrafo. O usuário típico vai mandar e pedir essas fotos, pois está transgredindo, sendo rebelde, da segurança de seu lar. O usuário típico vai mandar a foto escatológica, vai mandar o vídeo bizarro, assumindo que na Internet tudo se perdoa.

Entendo a necessidade do humor, sei que logo surgirão as inevitáveis piadas, e isso é bom. É uma forma de extravazar. Humor não é desrespeito. Mortos, aliás, não podem ser desrespeitados, só os vivos cobram respeito.

O que importa é propósito. Eu aceito a idéia de uma fatalidade, mesmo uma morte sem propósito. Mas quando uma vida se perde com o propósito de entreter adolescentes onanistas dando risinhos nervosos vendo fotos de cadáveres, temos algo pior do que nenhum propósito.

É por comportamentos como esse que desisti da Raça Humana. Que venha a nova Era Glacial, melhor sorte para os Ratos, baratas e golfinhos.

 



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