O RSS vai matar o irrelevante?

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O RSS pode ser visto como o iTunes da Internet. Ao invés de “comprar” um site inteiro, o usuário baixa apenas o que realmente interessa, como no iTunes, ao escolher músicas individuais, fugindo do modelo tradicional de comprar um CD com 8 porcarias e duas músicas boas.

Só que com isso, temos um problema: Os sites não podem produzir muito conteúdo irrelevante, pois o leitor simplesmente não irá acessá-lo. Uma coisa é você já estar no site, ver uma notícia mais ou menos e clicar, outra é estar lendo sua lista de feeds e dar de cara com a mesma notícia. No máximo vai praquele enorme buraco negro que se chama “depois eu vejo”.

A notícia ruim? Conteúdo relevante, de qualidade, é caro de produzir. Estagiários (eu espero!) para publicar hoaxes absurdamente falsos como se fosse verdade, é fácil de arrumar. Gente que sente a bunda e produza cinco, dez artigos interessantes em um dia? Não tem. Quando se encontra, custa caro. E ninguém quer pagar por um bom redator.

A tendência é a fragmentação. As colunas dos jornais já contam com feeds RSS isolados, alguns colunistas já distribuem e comentam seu trabalho através de blogs pessoais, e a personalização da notícia está voltando.

A idéia é que com o RSS cada um monte seu próprio jornal. Eu gosto de ler o Obituário d´O Globo, a Ilustrada, da Folha, os quadrinhos do Zero Hora e a página de esportes da Gazeta de Vitória. O que há de mau nisso?

Para o leitor, nada. Para o autor das seções ignoradas, como o Obituário da Folha, pode ser um problema. Com o RSS fica bem mais fácil avaliar a popularidade de uma seção, que antes se escondiam atrás do coletivo (com ou sem cornos armados dentro) e do baixo feedback das cartas à redação. Se a média de assinaturas das outras seções é 10000 e sua coluna tem 500, você tem problemas. Se o blog da sua coluna é cheio de reclamações, se seus artigos são votados negativamente, você tem problemas.

Será muito ruim para os redatores medíocres quando os chefes de redação começarem a perceber que seus veículos não são mais monolíticos. Prevejo uma demanda muito grande no mercado para profissionais que escrevam direito, então, crianças, aproveitem. Sentem a bunda, abram um bom livro, alguns jornais e exercitem seu senso crítico, pois logo, logo o mercado será obrigado a procurar gente boa e pagar por ela.

Ou então serão carcados pelos blogs, que já sofrem (nos dois sentidos) essa seleção darwinista desde sua gênese.



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