Na dúvida tire a roupa

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Existe uma regrinha em publicidade; na dúvida, vá de criança e bicho. Não tem erro, faça seu comercial um dos dois e milhões acharão uma gracinha. Só que isso está mudando. Agora a saída pra falta de imaginação é sexo.

Nada contra, dou a maior força, adoro e pratico tanto que já troquei de DVD três vezes, mas tudo tem sua hora. acho válido apelar para o sexo se você está escrevendo ou produzindo um filme, uma novela. Adorei as cenas com a Ana Paula Arósio fazendo strip tease vestida de noiva, mas é uma obra de ficção.

Não acho que um comercial deva ser tratado da mesma forma. Um filme publicitário deveria, idealmente, ser calçado em uma boa idéia. Colocar uma pelada de plantão, de longe é sinal claro de falta de uma idéia melhor. Claro, se for uma boa idéia com uma peladona, excelente. Mas isso também é raro. O mais comuns são filmes como este da Godaddy.com que só se sustenta nos atributos da gostosona profissional Candice Michelle.

Se nenhum outro motivo for válido, a nudez se dilúi, pois a internet está lotada de sacanagem, gente pelada não é exatamente difícil de achar no Google.

 

Um exemplo é a campanha da foto acima, a “Nothing to Hide”, da linha de cosméticos Elave, inglesa. A loura (bem interessante) acima aparece falando das maravilhas dos produtos, de como são transparentes, que não têm nada a esconder, bla bla bla. Enquanto isso ela passeia pelo “laboratório” da empresa, com técnicos e técnicas que parecem modelos andando, todos peladões, de um lado pro outro.

Veja por si mesmo (mas clique com cuidado). Eles pedem para clicar só quem tem mais de 18 anos, mas quem tem mais de 18 olha e faz um “meh.”. É divertido como reportagem em praia de nudismo.

Sexo vende, é um fato, mas só quando é novidade. Quando surgiu o primeiro Virtual Bartender, o pessoal ficou doido trocando listas de comando, descobrindo ovos de páscoa e formas de interagir com a modelo. (dica: O comando “kiss” é o melhor). Depois surgiram virtual tudo, sempre apelando pra cenas de lesbianismo light pra animar a galera. Hoje isso perdeu a graça.

Tomemos o “viral” do Axe, o Chuveiro na Praia. Coloque a temperatura pra “very hot” e a banhista puxa uma cama para a frente da câmera, começa uma sessão de briga de travesseiros com outra e terminam se agarrando. É legal? Sim, claro. Mas não chega a entusiasmar como o primeiro Virtual Bartender.

Essa acomodação aliás acontece até no mundo pornô. O público se habitua muito rápido, precisam de mais e mais novidades, daí os filmes nos anos 70 serem tão convencionais, e hoje temos até atos eróticos de natureza altamente questionável, como a Gretchen.

No campo da propaganda na Internet, a coisa ficou literalmente explícita com a Shai, uma grife francesa que usou a tecnologia Quicktime para criar um catálogo online mesclado a uma cena de sexo explícito. Da mais alta qualidade, atores bonitos, de aparência saudável, mas partindo literalmente pra fodelança. Você podia clicar nas roupas enquanto eles ainda as vestiam, ou nelas depois que ficaram jogadas pela cama e o resto do cenário. E não, não adianta dar o link, o catálogo está fora do ar até a próxima coleção de verão.

Nos anos 80 tivemos um excelente exemplo de viral (não, não pode, propaganda viral é fruto da Web 2.0, tem no máximo uns 6 meses de idade) quando a TV Manchete pegou sua apresentadora mais charmosa e séria, a Iris Letieri, e fez uma série de filmes curtos, anunciando o Carnaval.

A cada dia ela aparecia “Lubrax informa. Faltam XX dias para o Carnaval 84” (não lembro se era 84, estou chutando). Só que ela falava isso, com sua linda e sexy voz de locutora de aeroporto, e em seguida tirava uma peça de roupa. No primeiro dia um brinco, depois outro. Quando passou a abrir um botão da blusa por dia, TODO MUNDO estava comentando, meu colégio era de tarde. Saíamos correndo pra não arriscar perder o comercial.

Foi uma idéia tão boa que lembro dela até hoje. Já da grife com catálogo explícito aí de cima, tive que procurar no Google. Portanto, se você quer usar sacanagem pra divulgar seu produto, vá em frente, mas se sua idéia não for excelente, saiba que seu público só vai lembrar da sacanagem.



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