Utopia no labo dos outros é refresco, né?

Compartilhe este artigo!

contraditorium-fugita.jpgO honorável Fugita-san, do Techbits, MeioBit, etcBit descobriu que o resto da Internet não é tão honorável assim. Mais uma vez apareceu a pior praga da Internet, o Copiador Descarado. Não, não este aqui, ele é legal. Falo do sujeito que monta um blog pq leu em algum lugar que o Rafael Slonik ganha milhões na Internet, e como não tem um mínimo de capacidade criativa (O Copiador, não o Slonik) bate cabeça até ter “a” idéia genial. Vamos “agregar” o conteúdo alheio.

O FDP vai no www.hotscripts.com, procura um programeto para chupar o RSS alheio, monta seus posts automaticamente, coloca um “via techbits” ou coisa que o valha no rodapé, e se acha o Gênio da Internet. Steve Jobs que se cuide. O problema? Simples: se ele for um tiquinho esperto vai escolher parasitar blogs que usem licença Creative Commons.

A Creative Commons é mais uma daquelas idéias, como comunismo, anarquia, casa de praia e sexo grupal, que na prática não funcionam tão bem quanto na teoria. Criada por comunistas gente preocupada em divulgar informação, em se afastar dos restritivos copyrights, da capitalista acumulação de direitos digitais, a licença (cc) assume sempre a popularização, não a restrição da Informação. É uma licença “permissiva”.

Fugita-san, claro, adorou os ideias da licença. Ela é atraente às mentes jovens. Muito mais simpático colocar um “Conteúdo disponível sob a licença Creative Commons” no rodapé do que “Todos os direitos reservados, conteúdo propriedade de..”. Só que a licença permite exatamente o que a maioria dos copiadores faz. Fugita não poderia nem reclamar, pois o cara fez o que ele deu permissão desde o princípio. Fugita se felou. (“felar” é verbo? Espero que não, pois a imagem do Fugita se felando ficaria meses em minha mente).

Não foi a primeira vez. Certa vez um picareta desses copiou dezenas de posts do blog da bia kunze, ela perguntou o que poderia fazer. Respondi: “Nada, seu blog está sob Creative Commons, e na modalidade mais permissiva”. Depois disso ela mudou para o modelo que proíbe uso comercial do conteúdo, mas uso comercial é muito relativo. Posso montar um mega-agregador de feeds, encher de links para meus sites comerciais, e o agregador em si não será comercial, pois não renderá dinheiro “diretamente”.

Uma licença não vai afetar um plagiador desses, mas uma licença dessas vai ao menos te dar moral para reclamar. Fugita diz: “Acho lindo, bonito e maravilhoso o Creative Commons. Mas tem gente que abusa”. Vão continuar abusando, ainda mais se sua licença diz “copie, use, espalhe, divulgue, faça o que quiser”.

Citar um texto, escrever uma resposta, fazer uma paródia, nada disso nunca foi restrito por Copyright. O que essas licenças modernosas fazem é garantir direitos preemptivamente. Céus, se eu quero citar um texto na íntegra, o que custa entrar em contato com o autor antes de fazê-lo? Estou vendo uma grande preguiça por parte de todos os envolvidos, isso sim. Preguiça de analizar as solicitações, por parte dos autores, e preguiça de solicitar permissões, por parte dos interessados no conteúdo. Não é difícil. Volta e meia o Jornal de Debates pede autorização para publicar um post meu na íntegra. (nunca publicam, mas ao menos pedem). Ontem mesmo o Melo pediu permissão para Kibar alguma besteira que postei no www.carloscardoso.com.

Portanto, se você quer usar algo de alguém, peça. Se você quer gerar conteúdo e não quer ser abusado, ou pelo menos quer ter base para reclamar se for abusado, mantenha seu conteúdo sob uma licença de verdade. Do contrário, usando licenças permissivas, você pode acordar, descobrir que tem um blog “não-comercial” copiando seu conteúdo integralmente, e perfeitamente legal, segundo sua própria licença.

O quão difícil é isso? Vejamos. Instalar o WordPress: 5 minutos. Instalar o WP-o-Matic, um plugin que chupa feeds RSS, cacheia imagens, associa a categorias, coloca link de referência (muito nobre isso) e transforma em posts do WordPress: 1 minutos. Clicar em “pull now” e ter os posts do Fugita chupados: 1 minuto. Pensar no nome do “blog”: 6 minutos. Resultado?

contraditorium-fugita2.jpg

Sim, é este post aqui do Techbits. E mais vários outros. Dá pra fazer isso com vários feeds, na periodicidade que você quiser. Não, não vou botar isso no ar, o Fugita já está decepcionado o bastante com os canalhas da Internet ;) Basta para provar minha explanação: Se ele está protegido por copyright, pode me ameaçar, mandar denúncias via DMCA para o Bluehost, e tirar meu site do ar. Se estiver licenciado pela Creative Commons, senta e chora.



Compartilhe este artigo!