Credibilidade em excesso faz mal

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Hoje o Alberto perguntou se eu tinha virado sócio do MrManson, por causa desta “notícia” aqui. Notem que não apaguei seu comentário, não há necessidade. Ninguém leria mesmo, vão todos direto pro formulário, expressar sua indignação.

Pombas, gente. Na boa. Senso crítico. Sério. É importante. Por mais que você goste de um autor, seja ele blogueiro, jornalista, colunista ou escritor, leia com critério. Um texto bem escrito não é sinônimo de um texto verdadeiro. Capacidade de expressar suas idéias, capacidade de convencimento não é determinador de caráter, como um certo austríaco baixinho de bigode deixou bem claro, uns 70 anos atrás.

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Gregory House, o médico mais odiado pela mediocridade vigente, diz com critério: “Todo mundo mente”. É verdade. Até eu minto. Exceto sobre alguns assuntos, claro. Não aqui, mas no www.carloscardoso.com com certeza. OK, as melhores histórias são as verdadeiras, mas qual a diferença entre uma observação exagerada e claramente inventada e uma mentira? muitas observações claramente falsas são tomadas como verdadeiras, por alguns leitores. Nesse momento eu estou mentindo para o leitor, mesmo involuntariamente.

Quando são paraquedistas tudo bem, mas o fenômeno que tenho visto é perturbador. Leitores muito mais inteligentes do que eu, tanto que nem vou colocar link aqui, acreditando sem questionar. É gente que várias vezes escreveu posts primorosos com pequenas porém elucidativas investigações, exatamente o que fariam se vissem a “notícia” em outro site.

Eu não quero que ninguém se acomode, não quero ninguém tomando minhas palavras como Lei. Quero ser questionado, quero que todo mundo concorde comigo apenas e somente uma profunda reflexão (que, obviamente levará toda pessoa razoável a reconhecer a superioridade de meu argumento, mas o importante é que reflitam).

Do mesmo jeito que não quero ter que colocar tags <ironia> </ironia> no final do parágrafo acima, não quero ser obrigado a mudar meu estilo de escrever com medo de ser mal-entendido. Se essa é uma consequência da tal popularidade, eu não quero. A Regina Duarte já me disse uma vez que pela Teoria da Comunicação se a mensagem não é entendida, a culpa é do Emissor. Eu discordo.

A mensagem, na Internet, é de responsabilidade de todos. Não estamos falando mais de estruturas monolíticas como jornais, onde o Repórter escreve, o Leitor lê, e mesmo que o leitor discorde, sua única fonte de informação muitas vezes é o próprio jornal, e este jamais dará a uma mensagem de correção, como uma carta, o mesmo destaque que deu ao texto original.

Um blog é uma ferramenta maravilhosa pois segundos após algo ser publicado, os leitores podem se manifestar. No mesmo espaço da notícia original, ao alcance de todos os outros leitores. Basta que uma notícia inverídica, falsa ou honestamente errada seja pesquisada, responsavelmente contestada pelo leitor, e tudo fica esclarecido. SE o blog aceitar comentários e tiver a grandeza de reconhecer que errou. Como eu. No dia que cometer algum erro PROMETO que corrigirei imediatamente. (não preciso das tags nesta também, né?)

Agora, se o leitor passa a confiar cegamente, não usa o Google ou qualquer outra ferramenta para pesquisar antes de tomar uma atitude ou formar uma opinião sobre um “fato” apresentado, os blogs, a Internet, perdem sua razão de ser. Viramos veículos tradicionais, e aí é melhor seguir a sugestão do Elton John, e fecharmos a Internet.

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Leitor: Não deixe que fechem a Internet. Mantenha-se atento, questionador e vigilante. Blogueiros também erram, alguns até de propósito. Não confundam opiniões com fatos. O blogueiro pode ser dono das opiniões, mas os fatos são de todos. Use-os bem. O poder não é do blogueiro. O poder é de vocês!



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