Pedir para não sermos blogs é sim pedir demais, Solon

Compartilhe este artigo!

Na primeira leitura deste post do Solon concordei, exceto na parte em que dá alguma relevância ao pedro dória. Vejam o que ele diz sobre o imbroglio BlueBus, é a primeira dissertação que li sob o ponto de vista da campanha em si, objetivos e estratégias:

 

(…)de nove blogueiros que receberam a geladeira, cinco fizeram post sobre o assunto; destes, apenas UM teve o bom senso de dedicar ao menos uma linha ao produto em si, ao invés de ficar se maravilhando com a bacanice da ação.

 

Ops, é verdade. Adoraram a embalagem mas o recheio passou batido. Que vacilo. A Coca-Cola queria divulgar o isotônico, o tal de i9, que o Solon, mesmo sem ter levado geladeirinha pra casa em um gesto de boa-vontade, linkou.

Bolas, se eu recebo um produto em primeira-mão nada mais lógico que faturar em cima disso fazendo uma resenha, saindo na frente, ganhando Google Love, etc, correto? O Judão mesmo publica pré-resenhas dos filmes que assiste em pré-estréias, e depois do lançamento, solta resenhas mais completas.

Estava balançando a cabeça, pensando "bando de vacilão" quando cheguei no final do texto:

Se mesmo recebendo o hidrotônico em sua casa, dentro de uma bela geladeira, antes dos reles mortais, não ocorre a estes blogueiros informar seus leitores sobre as qualidades do produto, como é que podemos esperar que eles pensem em levantar o telefone para ligar para uma fonte e fazer uma entrevista ao invés de simplesmente ficar dando sua opinião sobre que é impresso em jornais país afora?

Não se trata de fazer jornalismo, não se trata nem mesmo de criar notícias. Trata-se, apenas, de ter um pouco de foco sobre qual a informação realmente relevante em uma história, e nisso tentar adicionar algo de novo e pessoal à conversa. Será, realmente, pedir demais?

50cent

PÁRA TUDO!

Nós não somos imprensa. Nós somos mídia, é diferente. As empresas que lidam bem com blogs já entenderam isso. A Microsoft e a Nokia por exemplo NUNCA brifaram ninguém no MeioBit, nunca fizeram qualquer tipo de exigência de conteúdo. A Paramount só pediu para deixar celular com câmera fora da sala de projeção (e deu pão de queijo!). Claro, algumas empresas são chatas. Um grande estúdio de cinema queria mandar um manual de 50 páginas detalhando COMO as resenhas deveriam ser feitas, outros ligam pedindo resenhas de produtos com direito de veto.

O grande diferencial dos blogs é justamente a nossa falta de foco. Eu viajei pela Nokia para cobrir a Bossa Conference, em Pernambuco. Cobri. Mas também encontrei lá um gringo super-gente-boa, Diretor-Executivo da Free Software Foundation. Fiz uma entrevista de mais de 1h com ele, que não tinha nada a ver com o evento. Fosse eu jornalista tradicional, não poderia ter feito isso, teria desvirtuado completamente o foco do evento. O veículo não publicaria, foi pela Nokia mas vai falar do cara que não tem nada a ver oficialmente com o evento?

O Solon fala de ter um pouco de foco sobre qual a informação realmente relevante em uma história, e nisso tentar adicionar algo de novo e pessoal à conversa. Solon, esqueça o modelo tradicional. A Imprensa faz isso e muito bem. A Katia Arima e o Bruno da Abril fazem isso, o pessoal do IDG faz isso, até o Estadão quando quer faz isso.

Blogs não são assim. Não tentamos adicionar algo novo e pessoal à conversa. Nós começamos no pessoal, nós vivemos de opinião. Nós não somos jornalistas, somos articulistas. Você me chamou de Diogo Mainardi da blogosfera Brasileira. Eu preferia ser o Paulo Francis, mas o Mainardi serve. Encaixa. O que não encaixaria é me chamar de Caco Barcelos ou Bob Woodward da Internet brasileira. É um papel que não se enquadra no perfil da maioria dos blogs, inclusive dos meus.

Uma empresa que manda um produto para uma revista ou um jornal pode sim esperar uma resenha tradicional. Já em um blog a divulgação conseguida é muito mais diagonal. O evento da LG com o show de stand up humoristas rendeu muito mais textos entusiasmados do que uma resenha "vantagens da TV de Plasma", com direito a listinha de "pontos a destacar".

Mesmo sem a atitude infeliz do BlueBus a geladeirinha seria comentada, o comercial assistido, a MARCA divulgada. Era isso que a Coca-Cola queria, e não uma série de resenhas caretas listando a tabela calórica do produto.

Até porque, convenhamos, se o foco fosse o hidrotônico teriam mandado só as garrafas, e não aquela geladeirinha bacana.



Compartilhe este artigo!