André Midani não é confiável mas pago-lhe um chopp na hora que quiser

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Ao chegar no aeroporto da Cidade do México André Midani foi interrogado por uma funcionária da alfândega, que após checar documentos e fazer algumas perguntas, disse:

-Olhe, meu senhor… Uma pessoa nascida na Síria, com passaporte brasileiro, que mora em Nova York, que vem de Medellín e passa pelo México, que diz trabalhar com música e que fala espanhol com sotaque francês… não pode ser uma pessoa confiável!!!

Após dizer isso ela carimbou o passaporte e finalizou:

-Pues  bienvenido e divirtase en nuestro país e que le vaia bien

Em sua autobiografia ele fala da jornada pela indústria fonográfica, “negócio mortalmente ferido”, não do ponto de vista de um executivo chato anotador de números. O livro todo é completamente pé-no-chão, com momentos de lirismo realista como a linda frase:

Pois do disco fiz a minha vida e, simbolicamente , nasci com o vinil e morri com o download

Eu normalmente não gosto de biografias, a maioria das pessoas leva vidas desinteressantes, eu estou pouco me lixando se o sujeito acorda cinco da manhã e come sucrilhos com bacon, se eu quiser detalhes além do necessário sobre o dia-a-dia de alguém, assino seu Twitter. Mas no caso do Midani, abri uma exceção.

O cara simplesmente. SIMPLESMENTE era criança na França, anos 40. No começo do livro ele narra o dia-a-dia vivendo na França ocupada. Mais adiante conta como foi à praia com um amigo, estava tudo deserto. Ao longe milhares de navios se aproximando. ELE TESTEMUNHOU AO VIVO O DESEMBARQUE DOS ALIADOS NA NORMANDIA, NO DIA D, 6/6/1944.

Página 28. Nesse momento tive certeza de que iria ler até o fim.

Durante esse tempo ele foi treinado pela mãe para ser… confeiteiro. Reviravoltas o levaram para trabalhar com música, como vendedor de porta-em-porta, depois foi subindo no carreira, chegando a chefiar 25 empresas do grupo Warner. (uma vida resumida em um parágrafo. Céus.)

As opiniões desse coroa de 1932 são as mesmas de muito adolescente que acabou de descobrir (E assim ajuda a perpetuar) o Rock, e também o amor pela música, seja Luis Miguel, seja Elis Regina, seja a Bossa Nova, que ele ajudou a lançar, seja o Ultraje a Rigor, grupo que ele promoveu até se tornar conhecido. Nisso eu me identifiquei. Não tenho “estilo preferido”, eu gosto de música boa, não importa o gênero.

Ele critica abertamente a tomada das gravadoras pelos advogados e executivos que só vêem números. Fala de como a censura por parte dos militares é semelhante à busca por Poder de governos posteriores, de como criou amizades por toda a vida, como promoveu Festivais e descobriu talentos locais, mesmo sem ser sua função principal.

O Midani passa a impressão de um fã de música que por acaso foi trabalhar com o que mais gosta, convivendo com gente como Gil, Caetano, Rod Stewart (um grande babaca) Tim Maia, Arnaldo Antunes, Washington Olivetto, Hermeto, Kid Abelha, Tom, Vinicius, Wanderléia, etc, etc e basicamente todo mundo da MPB e do rock brasileiro desde 1955, ano que chegou ao Brasil, 5/12/1955. Sim, ele está envolvido com música faz tempo, foi o cara que convenceu o Roberto Civita a trazer a MTV para o Brasil, na época em que ela ainda tocava música.

Não é um livro enciclopédico, não é um manual de administração para executivos de gravadoras. Muito do conteúdo vai inclusive ofender a maioria dos executivos (eu e o Midani estamos pouco nos lixando pra eles). É um livro de um cara que ama a música que conseguiu trabalhar a maior parte da vida com aquilo que mais gosta. Escrito para gente que como ele adora música.

SORTEIO!

OK, você tem duas chances de conseguir uma cópia do livro. A primeira é comprando. A segunda é respondendo a uma pergunta. O primeiro que me disser a composição original dos grupos Be Sharp e The Party Posse ganha uma cópia, na faixa!

Dados:

Título: “Música, Ídolos e Poder – Do vinil ao Download”

Autor: André Midani

Onde Comprar pode ser encontrado no Submarino, por R$31,30

Site oficial é http://www.midani.com.br



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