Medalha, Medalha, Medalha – Leitores respondem

Compartilhe este artigo!

O Palco HSBC continua. Semana passada fizemos a pergunta “Qual o real benefício de conquistar uma medalha olímpica?”. Eu tenho minhas dúvidas se isso realmente importa, para o país é bem mais importante ganhar uma medalha em Olimpíadas de Ciências, mas vamos ver o que o pessoal andou falando:

A glaura g.silveira, de Alegrete,RS disse:

Simplesmente o maior de todos,uma vez que a emoção da conquista,é com certeza um novo renascimento,combustível para o resto da vida.

Perfeitamente. Quando o Seu Barriga aparecer pra cobrar o aluguel do atleta ele vai mostrar a medalha, e tudo ficará bem…

Leonardo Xavier, de Recife, PE disse:

Eu acredito que durante um bom tempo a medalhas Olímpicas tenham sido uma forma de o Estado fazer propaganda. Meio que fazer o as pessoas terem orgulho daquele estado e obviamente quanto mais medalhas, melhor o seu país com seu respectivo governante. Hoje eu acho que os atletas servem mais de porta-estandarte para grandes corporações, mas também servem de exemplo de superação para as pessoas, especialmente para a juventude. Eu acho que exemplo de superação por dedicação e esforço pode ser algo positivo para mostrar o quanto é importante esforço e dedicação, sendo a medalha olímpica a coroa máxima. No entanto, eu acredito que do ponto de vista prático a contribuição acaba sendo realmente pequena. Eu acho que em geral, o esporte de alto desempenho não traz todo esse retorno para sociedade. Algumas vezes eu acredito que a sociedade como um todo valoriza certos ídolos de pouca utilidade prática, enquanto muitas pessoas que contribuem bastante para a sociedade são desvalorizadas. Raramente se tratam educadores que buscaram melhorar as condições de ensino nas suas escolas como ídolos, o reconhecimento a essas pessoas realmente é mínimo. E quanto aos bons alunos que se destacam em competições literárias, científicas e tecnológicas? Poucas vezes são efetivamente destacados na mídia ou mesmo premiados com bolsas de estudos em universidades particulares enquanto muitas vezes atletas os conseguem com bem mais facilidade. Eu acho que o valor para sociedade de um medalhista olímpico algumas vezes se torna ainda menor, na nossa cultura de brasileiros de muitas vezes achar que o atleta é um ser “abençoado”, que nasceu com um dom, e não como um indivíduo que teve que trabalhar muito e se sacrificar muito para conseguir alcançar seus objetivos. Resumidamente, eu acredito que as medalhas de olímpicas acrescentam pouco à sociedade, além de contribuir para autoestima da sociedade como nação(que a meu ver é um conceito que tende a cair com o passar dos anos).

“O valor para sociedade de um medalhista olímpico algumas vezes se torna ainda menor, na nossa cultura de brasileiros de muitas vezes achar que o atleta é um ser ´abençoado´” Perfeito isso. Tem a ver com nossa cultura de “humildade forçada” onde o sujeito rala a vida inteira pra conquista uma medalha, e depois que ganha tem que dizer “não foi nada”, senão dirão que ele é mascarado e está se achando. É CLARO QUE ELE ESTÁ SE ACHANDO, é o fucking melhor do mundo em algo. Tem o direito, está até na Constituição, acho.

A Neide, de Natal, RN disse:

No futebol, esporte preferido dos brasileiros, pode-se chegar ao sucesso apenas com talento (Romário, Ronaldo e Adriano, apenas para citar casos recentes, se gabam de não treinar). Daí que muitas de nossas crianças sonham com ser ídolos do futebol. Ganhar uma medalha olímpica requer, quase sempre, anos e anos de esforço e dedicação. Michael Phelps treinou anos e anos, todos os dias, para chegar onde chegou – e se orgulha do trabalho árduo que enfrentou. Um país que ganha muitas medalhas olímpicas mostra que tem pessoas dispostas ao esforço, à dedicação, ao sacrifício para se chegar a um lugar melhor. E o país precisa muito de pessoas assim, para que sirvam de exemplo aos demais.

O ato de treinar “diminui” o atleta na mente do brasileiro. Muita gente acha que é fácil, basta ficar oito horas por dia numa piscina e vira-se o Phelps. Essa rebeldia dos Romários da vida é ótima, todo mundo dá a maior força. Aí o cara rende 10% do que renderia, porque não sabe jogar em equipe e não está entrosado. Mas ninguém se toca do detalhe…

O Ghustavo, de Serra, ES disse:

Como analisar a conquista de uma medalha? Em alguns pontos. Ponto de vista do atleta, conseguir chegar ao topo, ser durante os 4 anos ser reconhecido como o melhor no seu esporte, saber que anos de preparação o levaram a sua grande conquista, conseguiu superar os outros competidores, não que eles não mereçam, mas que seu treinamento, sua vontade, sua intenção foi a maior que dos outros, pensando em conseguir um bom patrocínio afinal, isso é seu trabalho e seu ganha pão, e dessa forma como se manter? Ponto de vista de países, mostrar que tem investimento em, cultura, educação, esporte, infra-estrutura básica. Nenhum país que tenha esse ponto de vista conseguira formar campeões, isso não se forma em 4 ou 8 anos, são décadas de investimento,e visão a longo prazo, Vide China que começou seu trabalho pós 2º guerra e hoje em dia vem colhendo resultados.

O que muita, muita gente não percebe é que resultados esportivos são consequência desse tipo de investimento. Em geral vem atrelados a resultados econômicos e sociais. Quando há uma aberração, como Cuba, bons resultados só fazem as disparidades ficarem mais evidentes. Gastar dinheiro que não se têm para formar equipe olímpica é burrice. No máximo você consegue produzir excelentes atletas que desertarão para o Ocidente.

Flávio Simões, do Rio resumiu bem a coisa toda:

Para o atleta, a glória! Para o Estado, o circo. Para o público, a inspiração. Para o universo, um fato irrelevante.

Minha posição quanto a participação do Brasil em Olimpíadas é bem conhecida, deixei isso claro em textos onde elogiei o sensacional blog É Bronze, Brasil!, e neste texto aqui, onde peço uma moratória olímpica, dados nossos excelentes resultados.

Semana passada foi a vez da Daiane dos Santos aparecer no exame antidopping. Fiz uma piada perguntando se ela deveria devolver as medalhas olímpicas. Um monte de gente levou a sério, sem olhar o impressionante resultado dela nas Olimpíadas.

Agora temos uma Olimpíada inteira só nossa. Problema é que não é como Copa do Mundo, onde o time da casa já entra classificado. Corremos o risco de aparecer somente no material de divulgação. Mas… não sei ainda se sou contra ou a favor das Olimpíadas no Rio, em 2016.

Sediar uma Olimpíada é um Rito de Passagem, separa as cidades-menino das cidades-adultas. Não é um Grande Prêmio de Fórmula 1, que tem em qualquer lugar com gente disposta a botar dinheiro e montar um estádio. Não é Copa do Mundo, que não interessa aos EUA então não conta em nenhuma mesa de negociação séria do planeta.

OK, há uma forte base argumentando que uma Olimpíada significará investimento pesado em obras de infraestrutura na cidade, mas como confiar nisso, quando a Vila do Panamericano, que deveria ser modelo de reaproveitamento, transformando moradias de atletas em apartamentos de classe média já começou com terreno afundando (sério) e a construtora mudou as regras aumentando o preço dos prédios depois de iniciado o financiamento?

EU estou tendendo achar uma boa a Olimpíada. Não só pela segurança temporária que esses eventos dão à cidade, e definitivamente não pelas obras de infraestrutura, que não espero sequer que aconteçam.

A idéia me agrada pois Olimpíadas dão Status, colocam bem a Cidade na meritocracia informal mundial. Independente do que venha a acontecer. Vide os atentados em Atlanta e principalmente Munique, que embora lembranças tristes, de forma alguma mancharam a imagem das cidades. E em último caso, chama-se o BOPE e coloca na conta do COI.



Compartilhe este artigo!