Pior que Ecochato só RespoChato

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O Tema desta semana do Palco HSBC é “Responsabilidade”. Estava rendendo um bom texto, até perceber que eu estava sendo tão politicamente correto quanto o objeto de minha crítica.

Outro dia me mandaram um link de uma manifestação pró ou contra alguma coisa. No melhor estilo Vamos Salvar o Mundo das Cáries, petição online, remédio homeopático ou outros recursos igualmente eficientes. A cereja do bolo foi o “Retwuite, se ama o Brasil”.

Não quero esse tipo de responsabilidade. Melhor: Não quero ser responsável por tudo o tempo todo. Desculpem, eu não costumo usar fora do âmbito profissional a expressão, mas “já estava assim quando eu cheguei”.

Eu tenho plena consciência de que não vou mudar o mundo. Aliás, ninguém vai. Eu me recuso a assumir esse tipo de responsabilidade. Não é omissão, apenas não é da minha jurisdição. Isso só me tornaria mais chato do que já sou.

É claro que eu gostaria de um Mundo Melhor. Se me oferecessem um mundo sem Adam Sandler ou Paz Mundial, escolheria Paz Mundial (até porque Paz Mundial já subentende um mundo sem Adam Sandler). Mas não vou militar pela paz (contraditório isso, não?) nem me vestir de branco, nem sair em passeatas.

Não prego a irresponsabilidade. Pelo contrário. EU acho que o sujeito tem que ser responsável sim; acho entretanto que todo mundo que se sente pessoalmente responsável (ou responsável por apontar culpados) pelas mazelas do mundo é um chato. Um RespoChato.

Nenhum lugar do mundo abriga mais discussões sobre a Fome na África (ou no Nordeste, se for uma mesa nacionalista) do que bares. O sujeito paga R$15,00 em um frango a passarinha, R$4,00 em um chopp, mas se sente apto a apontar os culpados, mesmo sem se tocar que está gastando o equivalente ao PIB de uma aldeia africana, gerando apenas… vapor.

Pare de se preocupar em apontar culpados para os Grandes Problemas Mundiais, resolva o que você pode resolver, assuma o é de sua responsabilidade. Tente viver um mês sem dizer “é papel do Governo/Empresa/Família” para justificar algo que você poderia fazer mas não fez.

Hoje em dia responsabilidade é termo usado para tirar da reta. “puniremos os responsáveis”. “Alguém tem que se responsabilizar”, “não é minha responsabilidade”, quantas vezes já dissemos/ouvimos isso? O problema é que NADA é.

O Mundo não é feito de coisas grandes, ele é a soma de muitas coisas pequenas, de muitos indivíduos. Você não precisa mudar o Mundo, responsabilize-se por suas ações. Principalmente as pequenas. Isso já basta. Feito isso, contra todas as probabilidades,o mundo VAI se tornar um lugar melhor. Bem melhor do que ficar apontando o erro dos outros, e errar por conta própria.

NOTA: Como este texto faz parte da campanha Palco HSBC gostaria de solicitar que  os comentários, Opiniões, idéias e reflexões fossem  enviadas pelo formulário na barra lateral do blog, o quadradão de borda vermelha. Assim serão devidamente tabulados, respondidos e publicados, na próxima semana.

Abaixo Alguns dos melhores comentários da semana passada, sobre Honestidade

Alexandre – Belém/PA
Imaginar que todos os demais roubam não deve orgulhar a ninguém e se há quem considere honestidade e ingenuidade sinônimos também há quem veja na honestidade uma qualidade que garante tranqüilidade e que rende bons frutos a médio e longo prazos.

Verdade, mas é tão incomum ver a desonestidade sendo punida que isso vira até notícia de jornal. Quanto ao orgulho de ser desonesto, existe sim. Não pegando na desonestidade, mas é o orgulho de não ser “otário”. Para fazer parte do grupo social, o sujeito abre mão dos poucos princípios que tem, é mais importante ser um dos rapazes, do que ser o chato honesto. Já vi muito isso. Não precisa ser nada digno de Tropa de Elite, vide o pessoal que dá golpe no Plano de Saúde emprestando cartão pra vizinha.

ANDERSON MUINHOS RIBEIRO – Belo Horizonte – MG
Nessa crise, que ainda me afeta e muito, percebi que é muito difícil uma empresa sobreviver sem pagar propina, burlar licitações, sonegar impostos, e principamente é impossível sobreviver usando juros bancários. Comecei com pouco capital de giro, usei juros do mercado e hoje estou quebrado e muito triste.

Com muita sorte escapa-se dos juros, mas contrariando todos os especialistas, eu prefiro abrir mão de patrimônio a cair de novo nessa ciranda. Já a propina é praticamente impossível. Você tem que ter muito tempo sobrando, pois vão dificultar sua vida em todos os campos possíveis. E se você acha que não pode piorar, tente unir o Pior dos Dois Mundos: Uma vez um banco estatal tentou me forçar a comprar um título de capitalização, sob pena de não liberarem minha restituição do IR.

Hernani Orlandi Matos – Taboão da Serra – SP
Ingênuo pode ser do ponto de vista de políticos que roubam, mentem na cara de pau e quando são flagrados dizem não saber de nada daquilo que aconteceu. Todos já foram/vão ser desonestos pelo menos uma vez na vida, o que diferencia essa pessoa é saber admitir o que fez.

Admitir não é problema, até políticos admitem, o problema é sempre ter uma excelente justificativa para a desonestidade. A única aceitável, ninguém usa, que é admitir que fraquejou, sim.

Leonardo Xavier, Recife – PE
Eu acredito, tanto por uma questão de princípios quanto por análise lógica, que ainda vale a pena ser honesto.Os princípios são algo que me veio da educação sempre foi esse o exemplo que eu tive em casa. Enquanto do ponto de vista lógico, eu tenho a seguinte idéia: a honestidade é um pacto que se faz em sociedade e a maioria das vezes os brasileiros que se utilizam da “esperteza”, acabam na maioria das vezes se prejudicando, não imediatamente, mas a longo prazo. Tomemos o exemplo de um aluno que passa por uma prova colando,esse mesmo aluno acaba roubando de si mesmo a oportunidade de aprendizado. Se traçarmos um paralelo com o cotidiano, eu acredito que a parcela das pessoas que pratica atos desonestos na sua vida em sociedade acaba de certo modo se privando de viver em uma sociedade mais justa, com pessoas mais bem educadas e mais infra-estrutura. Como o exemplo clássico está lá lixo jogado nas ruas que depois inunda galerias e causa todo o transtorno de volta a sociedade. O problema maior nisso tudo é que como vivemos em sociedade as pessoas honestas também acabam sendo prejudicadas por atitudes desonestas que foram praticadas por terceiros, mas eu imagino o caos que seria instalado acaso todos resolvessem agir como bárbaros e sair a pilhar e violentar. Portanto eu ainda tenho orgulho de agir de maneira honesta, por que eu sei que não vou roubar só de mim como das gerações futuras o direito de viver em uma sociedade mais justa.

A maioria não faz esse salto. Uma vez vi um rio (originalmente, na prática virou valão faz tempo) que encheu, por causa do lixo jogado. Detalhe: O lixo era jogado pelo pessoal da favela que morava… na beira do rio. Até sofá tinha, represando a água. Mesmo tendo os barracos levados pela enxurrada, as pessoas só sabiam reclamar que a prefeitura não limpava o rio.

Um representante da COMLURB foi na TV e explicou que faziam dragagem duas vezes por ano, mas as pessoas não paravam de jogar lixo.

É um exemplo perfeito do tema da semana passada, honestidade – onde o esperto é o que joga o lixo pela janela, não o otário que vai até a rua carregando o latão – e responsabilidade, o tema desta semana. Neste caso culpo as vítimas SIM, pois se há coleta de lixo no local, o Estado não tem obrigação de dragar o rio dos espertos que não querem andar até a caçamba.



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