Não entender sarcasmo tudo bem, mas CLICA, anta.

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Eu espero sinceramente que nunca descubram a cura do câncer, do contrário terei uma doença a menos para desejar aos batráquios que frequentam as internetes. Sério, seria muito conveniente darwinisticamente se esse povo fosse atropelado por um porta-aviões antes de ter capacidade de se reproduzir. Se isso acontecesse com frequência estaríamos viajando para as estrelas, ao invés de sofrer no Overbooking da Gol.

Claro, isso não vai acontecer.

Uma das esperanças do cardume de Polyannas que frequenta a Internet é achar que as pessoas com o tempo se educarão, lerão mais, aprenderão a se virar no mundo online. Achavam que Harry Potter faria as crianças criarem interesse pela leitura, bla bla bla.

Vou contar um segredo: Não funciona.

Quando o email se popularizou vários acadêmicos deram entrevistas dizendo que era uma Era de Ouro da Palavra Escrita, as crianças escreveriam como nunca, teríamos milhares de novos autores, o ensino do idioma no colégio seria facilitado, etc.

Aí veio o miguxês.

A triste constatação é que pessoas não evoluem. Continuam incapazes de entender pensamento lateral, ironia, sarcasmo e qualquer coisa que não seja dito de forma explícita, ordem direta, letras grandes palavras pequenas.

Neste post aqui por exemplo, fui burro e resolvi tentar um modelo diferente:

O texto é sobre um seriado americano, The Unit, com um episódio passado no Brasil. Ao contrário da maioria dos casos, a ambientação ficou muito boa, foi feita uma pesquisa, os problemas são de orçamento, não falta de boa-vontade.

A minha idéia foi fazer um “post-denúncia”, brincando com o bairrismo brasileiro que não admite qualquer tipo de crítica vinda de fora. A piada funcionaria em vários níveis.

1o – O discurso ultra-nacionalista anti-imperialista digno do mv-brasil.

2o – Eu pegaria somente os pontos onde acertaram, trataria como algo absurdo.

3o – No texto um link desmentiria a afirmação já absurda, com uma notícia da mídia demonstrando a realidade do “absurdo”.

Exemplo:

Os soldados ilegais da Força Delta são liderados pelo Sargento-Major
Jonas Blane, o cidadão da esquerda. Acima vemos uma cena claramente
inventada: Como todo bom representante dos anglo-saxões WASPs, os
soldados distribuem dólares para as crianças que aparecem pedindo
dinheiro. Todos sabemos que isso não existe no Rio de Janeiro, nenhuma criança se aproximaria de um turista com essas intenções.

O texto continua com cenas típicas do Rio: Crianças trabalhando para o tráfico, traficantes com armamento das forças armadas, bandidos com carros importados, fortalezas construídas em favela, polícia corrupta, etc. Eu nego TUDO, sempre com links mostrando o contrário.

Precisa dizer que um monte de gente não entendeu? Visite o post, veja os comentários.

A cereja do bolo foi a mensagem que recebi de um indignado que chamarei de Biba Histérica de Pelotas, via formulário de contato:

De: Biba Histérica de Pelotas

Assunto: Li um de seus posts e você se equivocou legal!

Mensagem: Cara… Você falou sobre o seriado THE UNIT(episódio que se passa no Rio de Janeiro). Desde quando não existe crianças com armas nas favelas? Lemos vários jornais e ficamos informados de quanta coisa anda acontecendo. Assaltos em massa. Até mesmo na zona Sul – lugar onde é tão avistado por nativos cariocas (que consideram somente a zona sul como RIO DE JANEIRO). Última(e não menos importante) foi falar dos gaúchos – citação:”sou hétero” – piada escrota – a cidade do rio de janeiro sendo escolhida como uma das mais gays do mundo. Homens gays, homens e mulheres “CASADOS” e que são gays também… fudeção em massa. E você vem dizer que Rio de Janeiro não é isso? Cara.. onde tu mora? Fora do Brasil???!!Pronto… coloquei para fora.

A segunda parte dessa diarréia mental do cidadão foi causada por uma resposta a um comentário, onde um sujeito indaga se sou gaúcho, por ter usado “bah” no final de uma frase. Vejam a minha resposta, a “piada escrota” que causou a indignação da Biba Pelotense:

Na verdade eu sou hetero (ok, piada obrigatória), mas um de meus
melhores amigos é gaúcho, minha padawan é gaúcha (mas perdeu o sotaque,
senão eu casava hoje) e tenho uma grande simpatia pelo Sul em geral.

Eu gosto de usar expressões de tudo que é lugar, de vez em quando solto um “meu rei”, um “trem”, um “uai”.

Horrível, não? Fica evidente minha homo-gauchofobia galopante.

Por isso, deixo a dica: Quer ganhar dinheiro com humor no Brasil? Faça humor estilo Zorra Total, Kibeloco, Amy Winehouse do Pânico.

Fazer humor inteligente vai te posicionar na meritocracia informal da Internet, render uns convites pra festinhas legais, muitos tapinhas nas costas, e mais nada. Ou melhor: Renderá também uma enxurrada de idiotas indignados incapazes de entender as mais óbvias referências, será acusado de coisas que não disse, terá opiniões que não suas suas atribuídas a vocês, seu caráter será determinado por uma única frase (ou trecho, vide a Biba dos Pampas acima) e será obrigado a explicar repetidas vezes suas piadas, para evitar mal-entendidos.

Gostou? Nem eu, continuo porque sou burro, mas ao menos eu durmo bem, e num dia bom sonho que estou escrevendo pro Daily Show.



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