Audaciosamente indo onde nenhum fracasso em mídias sociais jamais esteve

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Vou contar um segredo que talvez ninguém saiba, poucas pessoas do planeta conhecem esse meu lado oculto e misterioso: Eu adoro ficção científica. Por isso adorei quando apareceu na grade da Sky o canal SciFi, que só conhecia de nome e de uma visita aos EUA em 2004.

O SciFi passa séries que eu adoro, como Star Trek (todos os sabores) e Stargate. Passa a excelente Caprica e passou Battlestar Galactica. Passa os filmes trash que metade dos espectadores odeia (e a outra metade adora, por isso são produzidos) e é um canal que em sua essência dedicado a um gênero que eu adoro. Sei que eles passam aquelas porcarias de caça-fantasmas e nos EUA luta-livre, mas é o preço a pagar para sobreviver. Odeio do fundo de minh’alma os programas de OVNIs e Nostradamus e 2012 e Monstros do Discovery e do History Channel, mas continuo listando-os como canais top.

Infelizmente não existe (e falo por experiência) bicho mais chato e conservador do que executivo de canal de tv a cabo. Eles só contemplam novas idéias quando é absolutamente inevitável. Não duvido que haja executivos ainda desconfiados dessa tal de “tv colorida”. Assim iniciativas são em geral fruto de rebeldes e enfrentam oposição interna ferrenha.

Um exemplo clássico foi a Paramount. O estúdio está mais que ciente que o sucesso e a continuidade de Star Trek se deveu aos trekkers. Qual a atitude que tomaram, nos primórdios da Internet? Mandaram cartas para centenas de sites de fãs da série exigindo que removessem todo material não-autorizado (imagens, logos) e que usassem somente um “kit oficial de site de fã-clube”.

Isso mesmo, a Paramount se voltou contra os fãs de Star Trek tentando tirar do ar os sites que promoviam a franquia. Por sorte a cagada foi manchete em tudo que é lugar, perceberam a besteira e desistiram. Enquanto isso George Lucas apoiava sites de fã e quando o theforce.net ficou sem grana para hospedar os filmes criados por amadores, a Lucasart se ofereceu para bancar a hospedagem dos fanfilms.

Assim é comum ver canais entrando em redes sociais com iniciativas que são fadadas ao fracasso desde sua gênese, e me deixa triste perceber a história se repetindo com o SciFi. Acabei de ver um comercial da conta do canal no Twitter, a @syfybr.

“Nos siga, participe de promoções, receba notícias, bla bla bla”.  O de sempre. OK, tudo bem, não achei que fossem botar o William Shatner para escrever, mas se vão fazer o feijão com arroz, farão direito, não?

O canal tem 115 followers. 116, comigo. “ah, mas é novo”.  Não, não é. O que só piora. A última mensagem postada foi dia 27 de Julho. No total escreveram 9 twits na conta.

Poxa gente, isso é broxante. O canal ANUNCIA O TWITTER NA TV, se não vai colocar ninguém para administrar a conta, então não anuncie. Se não acreditam no Twitter, não entrem nele ou em qualquer outra rede social. Não é questão nem de jogar dinheiro fora, o estagiário que ficou responsável pela conta já está pago de qualquer jeito, e em alguns casos sai até mais barato. O custo aqui é como se fosse em ORTNS, vale mais do que dinheiro.

O custo é deixar claro para uma audiência geek, antenada, moderna que seu canal não só não é moderno nem antenado, como também não tem interesse nenhum em investir naquelas redes sociais que SÃO queridas para os geeks, fãs do canal. A impressão (correta até me provarem o contrário) é que estão de má-vontade, entrando só porque alguém insistiu muito. Entraram para mostrar que não vai dar certo mesmo e farão de tudo para que isso se concretize.

Não há vergonha nenhuma em dizer “não quero brincar”, vergonha é entrar desdenhando da brincadeira dos outros. E é isso que eu vejo: Um canal que ainda não entendeu que o Twitter virou realidade. Isso, claro, o SyFy Brasil, nos EUA a conta já é verificada, tem 44 mil followers e a última atualização foi menos de 10 horas atrás. É personalizada e INTERAGE com as pessoas. Mas ver isso aqui no Brasil aí sim é ficção científica.



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